A brasilidade reencontrada: Monarquia, consciência nacional e a reintegração das almas silenciadas
A BRASILIDADE REENCONTRADA: MONARQUIA, CONSCIÊNCIA NACIONAL E A REINTEGRAÇÃO DAS ALMAS SILENCIADAS
Vivemos um tempo de ruído ensurdecedor, onde a idolatria de superfície e os algoritmos de massa tentam substituir a memória profunda de um povo. Em meio a esse cenário de distrações artificiais, um valor antigo e essencial insiste em emergir das ruínas simbólicas da nossa história: a brasilidade. Não aquela confinada ao folclore caricatural ou ao marketing turístico de um país sempre prometido, mas nunca entregue. Falo da brasilidade viva, concreta e espiritual, nascida do entrelaçamento de culturas e da construção consciente de uma pátria plural. Essa brasilidade, que pulsa nas camadas mais autênticas da identidade nacional, encontra no ideal monárquico não um retorno ao passado, mas uma reintegração com o futuro.
A restauração da Monarquia no Brasil, antes de ser uma proposta institucional, é uma reconexão simbólica com a nossa estrutura profunda de civilização. O Brasil foi concebido como uma continuidade orgânica, não como experimento fragmentado. Seu território foi mantido íntegro, sua cultura amalgamada em paz relativa, sua língua preservada por todo o continente, graças à obra silenciosa e visionária do Império. D. Pedro II não foi um governante ocasional, mas o ponto de equilíbrio entre ciência e fé, entre autoridade e modéstia. Ao seu redor floresceram figuras como a Princesa Isabel, símbolo da liberdade sem revanche, o Duque de Caxias, pacificador antes de ser general, Machado de Assis, cuja pena dignificou a alma mestiça, e André Rebouças, engenheiro da dignidade nacional. Não menos importantes são os esquecidos, como Cacique Tibiriçá, símbolo de um pacto fundacional entre os povos originários e o Brasil que se formava.
A era recente, porém, é marcada por um perigoso esvaziamento simbólico. A política transformou-se num espetáculo de vaidades e slogans. Em vez de referências históricas, multiplicam-se influenciadores políticos sem raiz, que se proclamam salvadores em meio a ciclos de escândalos e fanatismos. Confunde-se carisma com grandeza, grito com virtude, e popularidade instantânea com autoridade duradoura. O Brasil não precisa de mais mitos fabricados, mas de figuras referenciais que reflitam a continuidade, a civilidade e a consciência coletiva.
É precisamente nesse contexto que o movimento monárquico brasileiro deve se firmar como proposta de maturidade política e espiritual. Deve recusar com firmeza a tentação do extremismo, que tenta instrumentalizá-lo à direita ou à esquerda. A Monarquia não é bandeira de facção, mas pilar da unidade. Sua vocação é suprapartidária e integradora. A restauração não deve ser feita por fúria ou ressentimento, mas por reconhecimento histórico e visão de futuro. Trair esse princípio é trair o espírito de D. Pedro II, que, mesmo deposto, jamais conspirou, jamais desonrou, jamais rompeu com o povo brasileiro.
A brasilidade reencontrada que aqui defendemos não é romântica no sentido vulgar, mas profundamente poética, mestiça, leal e plural. Ela está presente nas cartas de Rebouças que nunca foram lidas em voz alta nas escolas, nas crônicas de Machado que desmentem os estereótipos raciais do século XIX, nos autos de fé de Isabel que aboliu a escravidão sem apelos populistas, e na memória viva dos povos indígenas, negros, imigrantes e sertanejos que fundaram silenciosamente esta nação. A Monarquia oferece o espaço simbólico para reintegrar essas almas ao centro da narrativa nacional, não como decoração, mas como fundamento.
Hoje, no Brasil de 2025, marcado pela polarização, desilusão institucional e crise de identidade, falar em restauração da Monarquia não é saudosismo, mas coragem de propor uma nova fundação. É oferecer ao país uma alternativa de estabilidade e ética, fundada em serviço, continuidade, memória e futuro. A Monarquia não se opõe à República apenas como regime, mas como linguagem de civilidade e respeito.
Com este artigo, o site Vitória Imperial abre uma trincheira de ideias e memória, propondo-se como voz de regeneração cívica. Este espaço não é um templo do passado, mas um fórum do porvir. A restauração não virá por aclamação mágica, mas pela formação de uma nova consciência nacional. Uma consciência que não se curve aos modismos passageiros, mas que se erga, enfim, como expressão de um Brasil legítimo, íntegro e transcendente.
Carlos Egert
Presidente-Geral do Diretório Monárquico do Brasil
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