Uma Epopeia Monárquica em Versos Trovadorescos - Vitória Imperial

Uma Epopeia Monárquica em Versos Trovadorescos

 


Cujo peito ousado, mais dado a paixões que a virtudes,  
lançou proposta indecorosa à gentil Jovem do Movimento,  
Meire Mozart, donzela de graça e talento,  
esperança de coroa, flor mui rara entre mortais.

Canto I – Do Cavalleiro 
Era o Monarquista varão destemido,  
de terras austrais, mui bravo em palavra,  
mas falho em feitos de glória e espada.  
Tomou da pena, qual se fora lança,  
e em pergaminho de má catadura  
traçou missiva que mais feria que honrava.

Canto II – Da Jovem  
Estava a donzela em sua corte sonhada,  
de aura celeste, de gesto sereno,  
cuidando do Reino que inda não nasce.  
Era chamada “princesa do movimento” por muitos,  
e em seu semblante via-se a esperança  
d’aquela Monarquia, cousa mui santa.

Canto III – Da Proposta  
Dizia a carta, em voz velada:  
“Unamos tronos, unamos destinos;  
ao Instituto darei reverência e nome,  
e a vós darei coroa e assento.  
Que seja o pacto d’amor e poder,  
que em vosso leito serei fiel vassalo.”  
Oh cousa estranha! Pois nas entrelinhas  
mais se via desejo profano  
que legítima fé d’um cavalleiro.

Canto IV – Da Recusa  
A Jovem Monarquista, mui nobre e constante,  
ergueu-se em honra, qual torre de marfim.  
Com brandura e firmeza respondeu:  
“Não aceito mercê tão vã e enganosa.

Trono não nasce de promessa indecorosa,  
nem coroa se troca por suspiro terreno.”  
Assim calou-se, e em seu silêncio  
brilhou mais forte que mil exércitos.

Canto V – Do Desgosto  
O Monarquista do Sul, vendo-se negado,  
ficou turbado em ânimo e rosto.  
Alguns diziam que se fechara em castello,  
outros juravam que tramava vingança,  
urdindo por sombras, em segredo vil.

Canto VI – Do Rumor 
O povo, mui dado a falatórios,  
quis logo saber de que cousa tratava:  
seria união de sangue e brasão?  
Seria tratado de poder oculto?  
Ou tão somente desejo carnal  
disfarçado em verbo dinástico?  
E até hoje, nas cortes sombrias,  
se conta tal feito como lenda e escárnio.

Epílogo  
Aqui finda a história da Proposta do Sul,  
recusada por mão mui firme de jovem Princesa.  
E resta na memória de quantos ouvirem  
que não há cetro, coroa ou brasão  
que valham mais que a honra d’uma donzela.


Na rica tapeçaria dos movimentos idealistas, também há espaço para a sátira elegante e o lirismo simbólico. Com maestria literária e espírito trovadoresco, o professor Alencar Prado nos brinda com “Epopeia do Monarquista do Sul”, uma obra poética que narra — entre a fábula e a crítica — um episódio fictício envolvendo um cavaleiro monarquista e uma jovem de destaque no ideal restaurador.


O texto resgata a forma clássica das cantigas medievais para refletir, com ironia refinada, sobre vaidades, propostas indevidas e a firmeza moral que deve acompanhar os que representam a esperança de uma nova monarquia. Não é apenas uma sátira: é também um alerta, um tributo à honra feminina e um espelho da conduta que se espera dos que militam por um Brasil mais nobre e justo.

Publicamos aqui esse curioso e primoroso “canto moderno”, para deleite e reflexão dos leitores do Blog Vitória Imperial.


Epopeia do Monarquista do Sul  
Por: Prof. de Trovadorismo Alencar Prado

Prólogo  
Aqui se canta, mui nobres fidalgos,  
a estranha façanha d’um Monarquista do Sul.

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