Os marechais da república, traidores entre si
OS MARECHAIS DA REPÚBLICA, TRAIDORES ENTRE SI
Marechal Deodoro da Fonseca liderou o golpe militar de 15 de novembro de 1889, que instaurou a República e depôs o Imperador D. Pedro II, encerrando a monarquia no Brasil. Como primeiro chefe de Estado republicano, assumiu o Governo Provisório entre 1889 e 1891 e, posteriormente, tornou-se o primeiro presidente constitucional em 1891.
Seu governo enfrentou o desafio de estabelecer as bases políticas e administrativas da nova República em um contexto de transição marcado por instabilidades. Ele convocou uma Assembleia Constituinte que elaborou a Constituição de 1891, instituindo o presidencialismo, a separação entre Igreja e Estado e o federalismo, garantindo maior autonomia às províncias.
Na economia, adotou a política do “Encilhamento”, promovendo crédito fácil e emissão de moeda para estimular a industrialização, mas a medida gerou inflação descontrolada e especulação financeira, agravando a instabilidade econômica. Administrativamente, reorganizou a máquina pública, criando ministérios e adaptando o Estado ao regime republicano. Contudo, enfrentou resistência de monarquistas e republicanos civis descontentes com sua liderança militar.
Em 1891, tentou fechar o Congresso Nacional, gerando forte oposição política e militar, o que, somado à crise econômica e à perda de apoio militar e popular, levou à sua renúncia em novembro do mesmo ano para evitar uma guerra civil, após uma revolta liderada por oficiais da Marinha. Afastado da política, Deodoro faleceu em 1892, deixando um legado controverso como proclamador da República.
Após a renúncia de Deodoro, o vice-presidente Floriano Peixoto assumiu a presidência em novembro de 1891, herdando um país politicamente instável, com crises econômicas, revoltas regionais e conflitos militares. Conhecido como “Marechal de Ferro” por sua postura rígida e autoritária, governou de forma centralizadora, mantendo a Constituição de 1891, mas reforçando o poder do Executivo.
Enfrentou a crise econômica herdada do Encilhamento e tentou, sem muito sucesso, estabilizar a moeda devido à fragilidade financeira do período. Militarmente, reprimiu com rigor revoltas como a Revolta da Armada (1893–1894) e a Revolução Federalista no Sul, consolidando a República sob forte influência militar.
Sua legitimidade foi questionada, pois a Constituição previa novas eleições em caso de vacância presidencial antes de dois anos de mandato, mas Floriano recusou-se a convocá-las, enfrentando oposições armadas da Marinha e de facções políticas, além de conflitos violentos no Sul e no litoral.
Apesar do desgaste político com setores civis, concluiu seu mandato em 1894, mantendo forte apoio militar. Sua administração, embora autoritária, foi decisiva para tornar a República um regime irreversível no Brasil.
Patrick Kouark
Secretário-Geral do Diretório Monárquico do Brasil
Colunista do Vitória Imperial

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