O sequestro do golpe
Pouco se fala sobre os detalhes sombrios do golpe de 1889 que derrubou a monarquia no Brasil. Um dos capítulos mais tristes e reveladores envolve a Princesa Isabel e seus filhos. Durante o golpe, Dom Pedro II desceu ao Rio de Janeiro, enquanto seus netos permaneceram em Petrópolis (enviados por D. Isabel), algo que foi aproveitado pelos golpistas.
Os republicanos, determinados a evitar qualquer resistência por parte da família imperial, usaram os filhos de Princesa Isabel como moeda de troca. As crianças foram mantidas em Petrópolis, e a segurança delas se tornou um ponto de pressão contra a família imperial. Em um ato de chantagem descarada, os golpistas usaram os 3 filhos de Dona Isabel como moeda de troca para a família imperial não reagir e aceitar ser exilada. Com a promessa vazia de que devolveriam as crianças no momento do exílio.
O tenente-coronel João Nepomuceno Mallet coordenava as conversas de chantagem diretamente com Dona Isabel. Imagine o desespero de uma mãe, Princesa Isabel, ao receber a notícia de que deveria embarcar para o exílio sem garantias de que veria seus filhos novamente. A angustiante espera terminou apenas no momento em que todos já estavam prestes a subir na embarcação do exílio. Só então, sob intensa pressão e incerteza, os filhos de Isabel foram reunidos com ela.
Muito se fala de que Dom Pedro II apenas não quis reagir ao golpe, para não derramar sangue dos brasileiros, o que de fato também é verdade. O Imperador sempre colocou a segurança do Brasil acima do seu trono. Mas, além disso, é crucial lembrar o que poucos mencionam: se a família imperial fugisse pela passagem secreta do Palácio, se fossem para a embarcação chilena que ofereceu abrigo à família, os filhos de Isabel ficariam para trás, e o pior poderia acontecer. Se qualquer coisa fossem tentar, as crianças estariam com seu destino nas mãos dos militares golpistas.
Esse episódio sombrio da nossa história nos mostra até que ponto os golpistas estavam dispostos a ir para garantir o sucesso de sua empreitada.
Fonte: D. Pedro II - A História Não Contada - Prof. Paulo Rezzutti
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