Quais são os partidos que lideram a corrida eleitoral nas maiores cidades do País? Veja a lista
A polarização que marcou a última eleição parece ter perdido força nas disputas municipais das maiores cidades do País. Legendas de centro, como União Brasil, PSD e MDB, lideram as pesquisas para prefeito em mais da metade dos municípios com mais de 200 mil eleitores. O PT, apesar de contar com o apoio da máquina federal, amarga um desempenho pífio, estando à frente em apenas quatro cidades.
Os dados, obtidos com exclusividade pelo Estadão, são da pesquisa “A força eleitoral do G103?, conduzida pelo cientista político Murilo Medeiros, da Universidade de Brasília (UnB). O “G103? reúne as 103 cidades brasileiras com mais de 200 mil habitantes, onde há possibilidade de segundo turno nas eleições deste ano. Esses municípios, apelidados de “PIB eleitoral” pelo pesquisador especialista em estudos eleitorais e legislativos, concentram 40% do eleitorado do País e são cruciais para avaliar a força de cada partido no cenário nacional.
Medeiros baseou o levantamento nos resultados das pesquisas eleitorais mais recentes registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nas cidades do G103, considerando os candidatos que lideram numericamente. Nos casos de empate técnico entre os dois primeiros, ele recorre à simulação de segundo turno, posicionando à frente o candidato que vencer nessa projeção. Dos 103 municípios analisados, 98 possuem dados disponíveis.
O União Brasil, partido nascido da fusão do PSL com o DEM, tem o maior número de candidatos favoritos nas cidades com mais de 200 mil habitantes, com 19 nomes liderando as pesquisas. A sigla se destaca em capitais como Salvador (BA), Cuiabá (MT) e Teresina (PI), além de cidades-polo, como Feira de Santana (BA).
O PL, de Jair Bolsonaro, lidera as pesquisas em 15 municípios do G103. Logo atrás vem o PSD, com vantagem em 14 cidades, seguido pelo MDB (11), PP (10) e Republicanos (8). Siglas como PSDB (4), Podemos (4) e PT (4) estão mais atrás na lista. O PSB, partido do vice-presidente Geraldo Alckmin, está na dianteira em três cidades, seguido de perto pelo Avante (2). Solidariedade, PDT, Novo e PV lideram em apenas um município cada.
As últimas pesquisas sugerem que partidos de centro têm sobressaído nas eleições municipais deste ano, liderando em 54% dos municípios com mais de 200 mil eleitores, enquanto PT e PL estão na frente em apenas 18% das cidades.
“A eleição municipal é paroquial, com temas locais prevalecendo no debate. O eleitor quer saber se o futuro gestor vai dar encaminhamento aos problemas da cidade, se haverá creches, se o posto de saúde funcionará. O levantamento mostra o domínio dos partidos de centro nas maiores cidades, com o eleitor querendo ir além da disputa rasa entre petismo e bolsonarismo”, afirma Murilo Medeiros.
Os partidos de Lula e Bolsonaro vivem, porém, situações bem diferentes. O PL se destaca no levantamento como o único partido com candidatos liderando pesquisas em todas as regiões do Brasil, com capilaridade maior nas regiões Norte e Sudeste.
Apesar da inelegibilidade do ex-presidente, o bolsonarismo continua forte em cidades de grande e médio porte, incluindo capitais do Nordeste como Aracaju (SE), Maceió (AL) e Fortaleza (CE). Na capital cearense, histórico reduto da esquerda, André Fernandes (PL) surpreendeu nas pesquisas e ameaça chegar ao segundo turno.
Já o partido do presidente Lula enfrenta dificuldades nas cidades do G103, conforme revelam as últimas sondagens eleitorais. Segundo Medeiros, o auge do PT nas grandes cidades ocorreu em 2008, quando a legenda, então no comando do Palácio do Planalto, governava 25 municípios com 200 mil ou mais eleitores.
Atualmente, o partido lidera apenas em quatro cidades: Contagem (MG), Juiz de Fora (MG), Anápolis (GO) e Camaçari (BA). Esta última é a única cidade do Nordeste no G103 sob a liderança do PT, mesmo com a alta popularidade de Lula na região.
Na visão de Medeiros, dois fatores têm impactado o desempenho do PT nas grandes e médias cidades: o antipetismo, que continua sendo um componente relevante na definição do voto nas principais cidades, e a estratégia do partido de abrir mão de lançar candidatos próprios para apoiar nomes mais competitivos. Em São Paulo, a legenda decidiu apoiar Guilherme Boulos (PSOL), enquanto no Recife (PE) caminhará com o prefeito João Campos (PSB). No Rio de Janeiro, o partido de Lula declarou apoio ao candidato à reeleição, Eduardo Paes (PSD).
“Essa estratégia do PT de abrir mão de candidatura própria tem como pano de fundo garantir alianças para 2026, mas não deixa de ser reflexo da falta de renovação do partido, que carece de novas lideranças e hoje está refém da figura do presidente Lula”, diz Medeiros, explicando que o PL seguiu um rumo diferente. “O PL priorizou o lançamento de candidaturas competitivas nas grandes cidades, impulsionado pela popularidade do bolsonarismo. Para isso, o partido filiou lideranças que estavam dispersas em legendas de centro e centro-direita, como o PSDB”, diz o cientista político. Um exemplo é São José dos Campos, no interior de São Paulo, onde o PL filiou e lançou Eduardo Cury, ex-prefeito da cidade e tucano histórico do estado.
O PSDB, outrora o principal partido de oposição ao PT, perdeu força no lançamento de candidaturas competitivas e atualmente lidera em apenas quatro cidades nos grandes colégios eleitorais: Piracicaba (SP), Santo André (SP), Caruaru (PE) e Ponta Grossa (PR). Em 2020, o PSDB venceu em 18 cidades do grupo com mais de 200 mil eleitores.
Segundo o estudo de Medeiros, o PSD de Gilberto Kassab conseguiu ganhar terreno em todo o País, com sua principal força concentrada na região Sul. Já o MDB emerge como a principal força política da região Norte, sob influência do governador Helder Barbalho. O estado de São Paulo também é uma vitrine para as candidaturas do partido. O Republicanos se destaca na região Sudeste, com chances reais de vitória em grandes colégios eleitorais, como Belo Horizonte (MG), Vitória (ES) e Sorocaba (SP).
Fonte: Estadão
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