A abolição

  -Cansada de tantas afrontas, de murmurinhos e de ameaças veladas!!!

Treze de maio de 1889, PALÁCIO ISABEL; ESTOU A TERMINAR de me vestir e
a escutar Gastão que não para de falar, DEUS MEU!!!
-Teremos problemas, cherry. As oligarquias já se movimentam contra à
Coroa!!! Seu próprio sobrinho Augusto conspira contra vós!!!

-Gastão, não moverei um passo atrás! Já demoramos tempo por demais! Meu avô e José Bonifácio, onde estiverem, estão a resplandecer em felicidade por esse momento...
Me olho novamente no espelho, o vestido de tafetá em seda é
deslumbrante, já o usara em 1871, quando fui a Regente; ramos de café
bordados à cauda, mostram à riqueza de nosso ouro negro.
Agora, escuto a voz do Barão de Cotegipe: “Está fora de si... A
PRINCESA PERDERÁ O TRONO COM ESSA ATITUDE !!”
Imagens imediatamente aparecem à minha frente...há dias sonho com
meu pai que se encontra na Europa, agora na Itália, e bem doente. Em
sonhos ele sempre me diz:

-ISABEL, É CHEGADA A HORA, O ALTÍSSIMO NOS DEU ESSA MISSÃO!!!
Em sua companhia também vejo José Bonifácio, o Patriarca se faz presente sempre, é mister para ele essa realização...
Não há mais tempo a perder, abro a ampla porta e, ao atravessá-la, a
cauda se enrosca. Gastão vê como sinal de mal presságio, minha dama de
companhia corre com agulhas...QUAL O QUE, CHERRY, já se faz tarde,
todos me esperam , essa mancha deixará hoje de existir ,em solo
brasileiro estando este vestido com o cauda ou sem...

Finalmente com uma caneta digna, em ouro, coloco minha assinatura para o fim desta
horrorosa marca, que se fizera presente em nossas terras por séculos.

Professora Magali Hamaladh

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