A Visita do Grão-Duque da Rússia ao Brasil

 "Pelo Natal de 1886 fundeou no porto do Rio de Janeiro a fragata russa "Rynda", na qual viajava o grão duque da Russia Alexandre Mikhailovich: "Um Imperador de barba branca falando sobre o iminente triunfo da Democracia, uma moça de cintura fina dançando "La Paloma", uma floresta que ainda preserva o primeiro dia da criação, essas imagens ficaram para sempre associadas com a palavra "Brasil" anotou o Grão Duque da Rússia em seu diário.


O Czar Alexandre III telegrafára-lhe, para que visitasse pessoalmente Dom Pedro II, que havia conhecido a Rússia em 1876. Subiu, aterrado pela exuberancia da flora que lhe reveste as escarpas a serra de Petropolis, e as suas primeiras palavras diante daquele homem "com a sua barba branca e as lunêtas de oiro, com um ar de velho professor de universidade", foram de espanto pela pompa e pelo vigôr da floresta... O Imperador falou-lhe benevolamente, num francês puro:

" No momento, os brasileiros se agitam vivamente em favor da Republica. Bem, pois a querem, a terão. Conheço bem o meu povo para derramar inutilmente sangue, e deixo aos futuros presidentes da Republica o trabalho de descobrir o segredo da paz interior do Brasil. Dom Pedro II parecia prever o futuro fim da Monarquia. O que me dizeis da Russia? Parece-me que lá se volta aos tempos dos Ivans. Esse país necessitaria de dois oü tres Pedro o Grande.

A sua aparência venerável dava a essa filosofia um tom de renuncia, uma superioridade moral que comoveu o estrangeiro. Conversaram suavemente por duas horas, "em seu salão confortavel e simples, grandes janelas abertas para um vasto jardim" Por fim o Imperador apresilhou á farda do grão duque a placa do Cruzeiro. Agradeceu, e confessou, que gostava mais da Ordem da Rosa.

Dom Pedro II achou-lhe graça, e disse que a Rosa era a mais comum das condecorações do Imperio e, na realidade, toda gente a tinha... o Grão-duque insistiu e ganhou as duas condecorações. No dia seguinte, o Futuro cunhado do Czar Nicolau II se despediu daquele Imperador, que mais lembrava um velho patriarca russo do que um Monarca Sul Americano...”


Dom Pedro II sempre manteve boas relações com o Império Russo e com a dinastia dos Romanov, após a Proclamação da República Brasileira em 1889, o então Czar Russo Alexandre III se recusou a reconhecer a nova república em respeito a seu amigo Dom Pedro II, somente após a morte do Monarca em 1891 o Império Russo reconheceu a legitimidade da República Brasileira.
fonte: Dom Pedro II, o Rei Filósofo, de Heitor Lyra🙏👑👑👑👑👑


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