O Majestoso Reino de Kush

 O MAJESTOSO REINO DE KUSH

O antigo Reino de Kush ou Cuxe localizava-se na Núbia, Alto Egito, onde atualmente encontram-se o Egito e o Sudão. Por possuir uma grande quantidade de minas de ouro, muitos chamavam a região de nuba (nub significa ouro na escrita hieroglífica; assim, núbia significa algo como terra do ouro).

Dentre as centenas de povos e reinos que imergiram na África, um deles a se destacar pela importância e irreverencia fora o Reino de Kush, citado algumas vezes por filósofos, historiadores e até mesmo profetas antigos. Os historiadores gregos Homero e Heródoto, deixaram registrados em seus manuscritos que, os povos dessa civilização foram responsáveis por povoar boa parte do Egito, Arábia, Palestina, Ásia Ocidental e a índia, descritos como pessoas mais altas do que a média grega, de pele negra e grande força, sendo pessoas que tinham uma alta longevidade.

Heródoto afirma em algumas de suas obras, que foram eles os responsáveis pelo desenvolvimento de técnicas de embalsamento, que podem ser vistas feitas na cultura egípcia, e também, tendo desenvolvido diversas técnicas de construção de pirâmides, que provavelmente ajudaram também no desenvolvimento das pirâmides egípcias. Existem, também, diversas cerâmicas feitas por tal povo, que demonstrava grande habilidade na criação artística. Sua economia, era baseada na venda de pedras preciosas e marfim, itens muito valorizados na antiguidade, tendo sido fonte para o estabelecimento de uma forte economia.

Acredita-se que a primeira capital dos kushitas foi a cidade de Kerma, em aproximadamente 4500 a.C., considerada a mais antiga cidade da África, em seu apogeu, superando o tamanho de 60 acres de terra, com mais de 200 casas edificadas, com templos religiosos e áreas comuns.

A relação entre o reino de Kush e seu vizinho Egito era não somente amigável, como quase familiar, sendo ambos povos que, possivelmente, descenderam de um mesmo ponto, compartilhando vários aspectos culturais. Porem, entre os anos de 1580 e 1530 a.C., os egípcios iniciaram diversas manobras e expansão territorial, dominando o Reino de Kush, e outros territórios ao sul. Esse domínio era administrado por um vice-rei da região da Núbia, de origem kushita, nomeado pelo Faraó, e subserviente ao mesmo, mantendo uma relação de domínio, mas não necessariamente de exploração, já que mesmo cobrando alguns impostos, os kushitas ainda tinham livre circulação e podiam exercer atividades econômicas próprias.

Por volta de 1450 a.C., várias revoltas internas no Egito emergiram e assolaram o grande reino, abrindo brechas para que vários povos e tribos sob seu julgo se rebelassem, e dentre elas, o Reino de Kush, que conquistou novamente sua independência em relação ao Egito, reformulando sua capital, que passou a ser a cidade de Napata, onde reformularam suas estruturas de poder, prezando por expandir sua população e reino, a fim de poder resistir a novas investidas inimigas em seus territórios.

Seu objetivo foi bem-sucedido, chegando inclusive a dominar algumas cidades ao sul do Reino Egípcio, como Elefantina e a cidade de Tebas, se aproveitando dos conflitos de egípcios contra os Assírios no início do século VIII a.C. Tendo em mente uma possível queda abrupta em seus territórios, os egípcios fizeram um acordo de paz e apoio com os kushitas que se tornaram novamente um povo amigável, lutando juntos contra as invasões mesopotâmicas, expulsando os forasteiros de seus domínios e reestabelecendo importantes laços entre os dois reinos.

Desses laços, a partir do governante kushita Pilê, nasceram descendentes que comandaram o Egito pelos próximos anos, dando origem a 25ª geração de faraós do Egito, conhecida como a Dinastia dos Faraós Negros. Embora a união entre o Reino de Kush e o Egito tenha criado um poderoso império, os ataques assírios contra a região continuaram. Os conflitos com os assírios duraram até o ano de 664 a.C. quando Tantamani foi definitivamente derrotado pelos assírios. Com a derrota, a influência dos kuxitas sobre o Egito se perdeu e, anos mais tarde, seria o Egito a invadir Kush, em 591 a.C., saqueando e incendiando a capital Napata.

Após a derrota para os assírios, os egípcios buscaram apagar grande parte dos vestígios deixados pelos faraós Kuxitas que ali governaram. Muitos monumentos e estátuas de faraós Kuxitas foram encontrados destruídos, com cabeças e pés esmagados.

Kush seguiria até os primeiros séculos da Era Cristã. A perda de prestígio e as constantes ameaças vindas do norte, de governadores romanos no Egito, ou do sul, de reinos como Axum, tornaram Kush um reino sem grande expressão nesse período. Entre 320-350 d.C., o reino africano de Axum, situado ao norte da atual Etiópia, finalmente conquistou o Reino de Kush.
Após a invasão pelo Império Axum, cuxitas teriam formado, mais tarde, três diferentes reinos – Macúria, Alódia e o Reino da Nobácia.

FONTES PARA PESQUISA
CUNHA, Sonia Ortiz; GONÇALVES, José Henrique Rollo. Cuxe: o resgate histórico de um antigo Reino Núbio.

DA SILVA, Érica Cristhyane Morais. oS impérioS AfricAnoS Do munDo Antigo: KuSh e Axum. O espelho negro de uma nação, p. 43.

Unesco. História geral da África II: África antiga. 2. ed. rev. – Brasília: Unesco, 2010.

Nenhum comentário

Tecnologia do Blogger.