O encontro de Dom Pedro II com o maior líder Islâmico de sua época - Vitória Imperial

O encontro de Dom Pedro II com o maior líder Islâmico de sua época

Durante sua visita à Síria, Pedro II quis conhecer o emir Sidi-El-Hady El Kader Uled Muhi Ad Din, um dos descendentes diretos de Maomé, mencionado no Diário como Abd-El-Kader; é possível que esta visita tenha sido programada, já que o anfitrião era o maior líder da resistência islâmica ao domínio francês, na África do Norte.
Kader era Emir dos árabes argelinos, ficou conhecido mundialmente por ter ajudado os cristãos maronitas do Monte Líbano, que estavam a ser perseguidos pelos drusos durante o Conflito do Líbano de 1860.
A recepção deve ter impressionado o monarca, que descreve, com detalhes, o ilustre personagem: “Homem baixo, nariz ligeiramente aquilino, olhos pequenos e vivos [...]. Parece ter a cabeça raspada sob o turbante [...]. Traja simplesmente, e tinha chinelas de marroquim amarelo. O cabelo é preto e a barba não é grande” O encontro foi marcado pela simplicidade, e o maior motivo da visita era o fato que Abd-El-Kader protegia os cristãos perseguidos e, até, assassinados por árabes Islâmicos e drusos.
O tratamento dispensado ao governante brasileiro foi “amável e reconfortante”. Dom Pedro provou do chá de hortelã-pimenta que lhe foi servido, porém recusou o convite de El-Kader para que conhecesse seu harém. O líder árabe também convidou Dom Pedro a visitar a residência de seu primogênito, onde o clã acomodava todos os seus membros em duas casas com pátio e árvores; tratava-se de homem rico e famoso, embora desconhecido da cultura ocidental.
Pôde apreciar as medalhas que a França conferiu ao emir por sua atuação na África, com os seguintes dizeres: “La France qu ́il a combattue l ́aime e l ́admire”. Na troca de presentes, Contemplou El-Kader com um livro filosófico, escrito em árabe e traduzido para o francês.
Este inesquecível encontro muito enriqueceu a experiência política do imperador, e foi uma forma de aproximar a misteriosa Síria do desconhecido e longínquo Brasil, pois o Imperador muito deseja estimular a imigração árabe para o Brasil.
Fonte: D. Pedro II: vínculos com o judaísmo, de Noeli Zuleica Oliveria.

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