E nós o deixamos partir

[...] e nós o deixamos partir.
Dom Pedro II morrera no exílio, pobre e doente, porém, levara consigo o exemplo de zelo e austeridade no trato com o que é público.

O que ocupou o seu lugar; o que preencheu nosso vazio moral?

Desgraçadamente, nos restou a prole da “récua republicana original” que prossegue executando o “Toque de Midas às Avessas” iniciado em 15 de novembro de 1889 (asnos bípedes – incapazes, inúteis, aventureiros despreparados à condução da nação), récua irresponsável que nos brindou com duas Ditaduras Militares (Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto – o carniceiro republicano), ruína econômica e instabilidade social quase que instantâneas (‘maravilhas’ impostas ao Brasil, menos de dois anos após o Golpe de Estado parido em 1889), bem como uma porca República Provisória que seguiu “legalmente ilegítima e em frangalhos” por longos 103 anos (embora prossiga ‘moralmente ilegítima e em frangalhos’ aos que conhecem a verdade histórica).

Prosseguimos órfãos [...] em especial, por conta da certeza de toda a prosperidade anunciada ao Terceiro Reinado, o de Isabel do Brasil; algo que nos foi tomado em nome de uma utopia. A traição jacobina nos custa demasiado caro!

Prosseguimos (como povo) em lenta procissão fúnebre; desbotados em pálida apatia comum às vítimas dispersas (permanentemente à mercê de barganhas asquerosas e falsos ídolos); envoltos em infrutíferas disputas políticas que levam o nada ao lugar nenhum (o avanço efetivo é conseguido olhando à frente, jamais em guinadas partidárias pontuais – seja à esquerda, seja à direita); empenhados em quebrar a unidade nacional por meio de disputas regionais ridículas; afogados em prioridades questionáveis que saciam nosso ávido desejo vazio por pão e circo; convictos do amor e ódio ao “obeso Estado brasileiro” onde exigimos cada vez mais direitos e abraçamos cada vez menos deveres [...] Tudo isso, enquanto aguardamos o milagre que jamais virá (enquanto República)!

Estamos experimentando a “sexta tentativa republicana”, com uma nova/velha República (habilmente lanternada e repintada a fim de prosseguir com a promessa do futuro que jamais chega) sendo forçada a cada nova e débil Constituição (frágeis e tendenciosas aos interesses vigentes em cada desastroso período – todas nascendo mortas, desde 1891).
130 anos de um retumbante “NADA”! Até quando?
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*Arte (Anderson Diezing Carvalho).

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