Entrevista com o príncipe D. Rafael de Orleans e Bragança

[Entrevista concedida pela Príncipe Dom Rafael de Orleans e Bragança à edição n° 57 de nosso boletim, "Herdeiros do Porvir", referente aos meses de abril, maio e junho de 2019.]

Em 2012 o Príncipe D. Rafael de Orleans e Bragança, quarto na linha de sucessão ao Trono brasileiro, concedeu entrevista ao “Herdeiros do Porvir”, a qual despertou grande interesse dos leitores. Nestes últimos anos, a escalada monárquica atingiu parâmetros inimagináveis, levando novos e antigos monarquistas – e mesmo não-monarquistas – a se interessarem cada vez mais por detalhes da vida do mais jovem herdeiro da Coroa, como onde mora atualmente, sua profissão, suas perspectivas para o futuro, suas relações com as Casas Reais europeias, o que pensa sobre a situação política brasileira, etc.

Herdeiros do Porvir – Os brasileiros veem a causa monárquica com crescente simpatia, e por conseguinte desejam conhecer melhor um pouco da vida do mais novo herdeiro dinástico. V.A. poderia descrever sua formação acadêmica e atual atividade profissional, a qual o levou a se transferir para Londres no ano passado?

Príncipe D. Rafael – Sou formado em Engenharia de Produção pela PUC-RJ. Comecei o curso em julho de 2005 e me formei em junho de 2010. Com relação a minha vida profissional, comecei a trabalhar desde cedo, assim como meus irmãos também o fizeram. Logo que terminei o colégio, fui passar seis meses em Paris, morando com uma das irmãs de minha mãe e trabalhei como vendedor em uma loja de departamento. Nos primeiros períodos da faculdade, trabalhei como guia turístico no Rio de Janeiro. Fiz um ano de estágio em uma incorporadora imobiliária, e no último período da faculdade ingressei na empresa que estou até hoje. Na atual empresa, após o período de estágio, passei pelas áreas de vendas, planejamento estratégico e planejamento financeiro, sendo quatro anos no Rio de Janeiro e quatro anos em São Paulo. No último ano, passei por um processo para assumir a área de planejamento estratégico na Inglaterra. Foi uma grande oportunidade para o desenvolvimento da minha carreira, assim como realizar um desejo pessoal de me aproximar da cultura do Velho Mundo.

Herdeiros do Porvir – Como tem sido sua experiência na Europa? O que tem observado das monarquias europeias e quais lições poderiam ser aproveitadas em uma eventual restauração no Brasil?

Príncipe D. Rafael – Tem sido uma experiência bastante gratificante. Estou tendo a oportunidade de explorar uma das minhas paixões – viajar. Como Londres é uma das cidades mais importantes da Europa e do mundo, ela se conecta com várias outras capitais europeias. Então consigo realizar pequenas viagens de fim de semana para visitar parentes, amigos ou simplesmente conhecer algum lugar novo. E o que me impressiona muito quando estou em algum país de regime monárquico é a admiração que a população tem por seus Chefes de Estado e sua história. E até mesmo em países não-monárquicos, como, por exemplo, a França, a história dos Reis e Rainhas que governaram esses países são ainda tão fortes e presentes nas vidas de seus cidadãos. Existe uma adoração por estes personagens históricos, que construíram e moldaram essas nações que aqui existem. Além de um patriotismo fortíssimo que consigo enxergar nos olhos das pessoas com quem converso. Acredito que este sentimento deveria ser resgatado no Brasil – um País de uma história incrível e rico de cultura – e exaltar os heróis que ajudaram a formar o nosso País.

Herdeiros do Porvir – Nas Monarquias da Europa, notavelmente na Casa Real Britânica, é possível observar que cada vez mais funções têm sido delegadas à geração mais jovem. Ainda que no Brasil vigore o regime republicano, como avalia seu papel enquanto membro da Família Imperial?

Príncipe D. Rafael – Como aqui na Inglaterra, e em outras Casas Reais europeias, o que mais se destaca é o senso de compromisso dos membros das Famílias com suas respectivas nações. Desde pequenos, nossos pais nos formaram para estarmos à disposição e a serviço do País.

Herdeiros do Porvir – V.A. é aparentado, em grau próximo ou remoto, com muitas Casas Reais europeias, reinantes ou não. Como têm sido esses contatos?

Príncipe D. Rafael – Tenho um contato maior com a Família de Luxemburgo, pelo aspecto de proximidade familiar, mas também me relaciono com outros membros de outras Casas Reais em vários eventos e por intermédio de amigos em comum.

Herdeiros do Porvir – A continuidade da Família Imperial é uma preocupação constante dos monarquistas brasileiros, e essas expectativas recaem naturalmente em sua pessoa. Em que pese o respeito à sua privacidade, os monarquistas podem se sentir seguros em relação ao futuro da Dinastia? Em outras palavras, o senhor tem intenção de dar prosseguimento à tradição dos casamentos dinásticos?

Príncipe D. Rafael – Sim. Pretendo manter a tradição da Família.

Herdeiros do Porvir – Como avalia o atual momento do Brasil? E como a Monarquia poderia solucionar os problemas nacionais, em especial a corrupção, mal endêmico das instituições republicanas?

Príncipe D. Rafael – A última eleição presidencial mostrou o descontentamento dos brasileiros com a situação política, social, econômica e principalmente ideológica que havia se instalado no País nestes últimos governos. O maior benefício de um regime monárquico é a harmonização dos três Poderes através do Poder Moderador. Dessa forma, garante independência do Judiciário e está sempre vigilante do bom funcionamento do Executivo e Legislativo, sempre visando ao melhor para a Nação, levando a uma natural redução da corrupção.

Herdeiros do Porvir – E o que pensa da crescente adesão de jovens às fileiras monarquistas? Isso lhe traz esperança em relação ao futuro do nosso País?

Príncipe D. Rafael – Com certeza. Cada vez mais jovens vêm aderindo à causa, e tantos outros se mostram simpáticos por concordarem com os valores e princípios de um regime monárquico. Me enche de esperança ver jovens corajosos e preparados defendendo e propagando os ideais que o nosso Brasil tanto precisa.

Herdeiros do Porvir – Como vê o trabalho em prol da restauração monárquica que vem sendo desempenhado por seus tios, os Príncipes D. Luiz, Chefe da Casa Imperial do Brasil, e D. Bertrand, Príncipe Imperial do Brasil, e por seus pais, os Príncipes D. Antonio e D. Christine? E dos seus antepassados, qual é aquele que mais admira e por quê?

Príncipe D. Rafael – É um trabalho fundamental e indispensável realizado por todos, divulgando os valores de uma Monarquia, mas principalmente se mostrando estar sempre a serviço do País. Em relação ao antepassado que admiro mais, é difícil escolher apenas um, pois todos têm características que aprecio muito. Seja pelo destemor de D. Pedro I ao proclamar a Independência do Brasil, pela sabedoria de D. Pedro II, que se mostrou evidente desde seus primeiros anos como Chefe de Estado, ou pela coragem da Princesa Isabel ao assinar a Lei Áurea.

Herdeiros do Porvir – E como tem se preparado para o momento em que assumir a Chefia da Casa Imperial do Brasil, ou mesmo a Chefia do Estado, como Soberano? O que os brasileiros podem esperar do reinado do Imperador D. Rafael I? Como o senhor gostaria de ser lembrado pela História?

Príncipe D. Rafael – Fomos ensinados desde pequenos a sermos vistos como exemplos e estarmos sempre a serviço da Nação. Isto se torna cada vez mais real à medida que assumimos mais compromissos, responsabilidades e principalmente dedicação à causa. O mais importante é saber que o objetivo maior é trabalhar para o bem do Brasil e dos brasileiros, estando à disposição e a serviço a todo momento. Minha missão não é de ser lembrado, e sim de deixar um legado de um País melhor para as futuras gerações.

Herdeiros do Porvir – Poderia deixar um recado para os leitores do Herdeiros do Porvir e para os monarquistas brasileiros em geral?

Príncipe D. Rafael – Gostaria de agradecer o apoio incansável e a coragem dos monarquistas espalhados pelo Brasil. Tenho muita esperança nos brasileiros e que dias melhores estão por vir. Acredito que com a união em torno de um mesmo ideal, resgatando os valores e princípios pelos quais o nosso País foi fundado, poderemos alcançar nosso devido o posto: de uma Nação protagonista no cenário mundial.

Fonte: Movimento Brasil Monarquista